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Evento aconteceu na sede do IICA Brasil
O evento foi organizado pelo IICA em colaboração com a Embrapa e reuniu representantes dos setores público e privado, instituições de pesquisa, organizações internacionais, embaixadas e organizações de produtores.
Os avanços científicos para o melhoramento genético, gerenciamento e biotecnologia são ferramentas essenciais para que os produtores brasileiros de trigo superem os desafios que enfrentam, expandam sua produção de forma sustentável e percorram com esse cultivo a mesma trajetória de crescimento da soja.
Essa foi uma das conclusões apresentadas pelo Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, durante um seminário desenvolvido na Representação no Brasil do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), no dia 19 de junho, na sede do IICA, em Brasília, DF.
O evento foi organizado pelo IICA em colaboração com a Embrapa e reuniu representantes dos setores público e privado, instituições de pesquisa, organizações internacionais, embaixadas e organizações de produtores para debater os desafios da cadeia de abastecimento de trigo e sua contribuição para a segurança alimentar, os avanços tecnológicos e como a ciência está garantindo a produção e expansão desse cultivo no Cerrado Brasileiro, um bioma com características parecidas à savana africana.
A Presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, destacou o papel da ciência e da cooperação no desenvolvimento da agricultura. Mostrou, neste sentido, que entre 2018 e 2023 a superfície semeada com trigo cresceu aproximadamente 110% no centro-oeste do Brasil, e a produção cresceu 130%.
“A agricultura brasileira é impulsionada pela ciência e nos agrada enormemente colaborar com o IICA para melhorar o trigo na América do Sul e no Brasil, posicionando os nossos países como os maiores produtores de alimentos e contribuindo para a agenda global de paz”, declarou Massruhá.
Segundo Jorge Lemainski, da Embrapa Trigo, os resultados da pesquisa em melhoramento genético e na erradicação de doenças poderão levar o País à autossuficiência no trigo. Também mostrou por que o trigo poderá alcançar o mesmo sucesso percorrido pela soja no Cerrado. “A pesquisa levou o Brasil de importador a maior exportador de alimentos do mundo. Com o trigo, o nosso objetivo é alcançar um volume de produção de 20 milhões de toneladas até 2030”, explicou.
Uma pesquisa pioneira publicada pela Embrapa em abril mostrou que o trigo produzido no Brasil tem uma pegada de carbono menor que a média mundial. O estudo, realizado em fazendas e na indústria moleira do sudeste do Paraná, indicou que a adoção de práticas e tecnologias sustentáveis já disponíveis pode reduzir ainda mais a pegada de carbono do trigo, tornando este cultivo mais atraente em um cenário de luta contra a mudança climática, como enfatizou Jorge Lemainski.
O representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado, ressaltou a importância do intercâmbio de conhecimentos entre países do hemisfério sul para superar os obstáculos nas cadeias de produção: “O nosso objetivo hoje é compartilhar ciência, experiências práticas e oportunidades de cooperação que contribuam para o fortalecimento da cadeia de produção do trigo no Brasil, desde a genética até o mercado global, do campo até a mesa”.
Além da apresentação sobre as possibilidades de expansão do cultivo de trigo no Brasil, os participantes debateram sobre a evolução genética e os desafios da indústria moageira, bem como sobre as possibilidades comerciais do trigo brasileiro no mercado internacional.
Federico Trucco, Diretor Executivo Global da Bioceres, destacou a necessidade de procurar tecnologias sustentáveis. “O trigo pode alcançar um nível de competitividade diferente por meio da biotecnologia. No Brasil, é evidente que a oportunidade reside na região central (Cerrado), já que não há lugar no mundo onde se possa triplicar a superfície dedicada ao trigo. Existe um conjunto de soluções que podemos contribuir. Acreditamos que podemos trabalhar juntos para fomentar o investimento na pesquisa e tornar realidade esse sonho de 20 milhões de toneladas”, explicou.
Desafios e biocombustíveis
O representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Thiago Pereira, destacou os desafios que o setor enfrenta, principalmente ante a emergência climática que afeta os produtores e o mercado. “A região central experimentou uma queda na produção de soja 64 sacas a 54 em 2025. Estamos trabalhando no monitoramento e propondo medidas. Do ponto de vista estrutural, a falta de armazenamento continuará sendo um problema que afeta o preço do produto”.
Ao apresentar as propostas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o Diretor de Análise Econômica e Políticas Públicas, Sílvio Farnese, disse que o trabalho da Embrapa com o IICA é fundamental para unificar visões nos pontos que requerem atenção e avanços.
O trigo no Brasil
Na década de 1970, quando a Embrapa foi criada, a produtividade do trigo no Brasil era de 600 quilos por hectare (kg/ha). Hoje em dia, a produtividade média nacional supera os 3.000 kg/ha e inclusive excede os 10.000 kg/ha no trigo irrigado. A pesquisa para maximizar a eficiência do cultivo, com sustentabilidade econômica e ambiental, acompanha o crescimento.
Durante o período de 2017 a 2021, a produção de trigo no Brasil cresceu 80%, enquanto a superfície aumentou somente 43%. Estão sendo incorporadas rapidamente novas áreas aptas para o cultivo, com a segurança de contar com o conhecimento necessário para sustentar a produção.
Colaboração Patrícia Costa, Comunicação IICA
Joseani M. Antunes (MTb 9693/RS)
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