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11/11/2025
Asbraer

Segurança no trabalho: Udesc e Epagri produzem guia inédito para maricultores

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Pesquisa identificou que 85% dos maricultores adotam posturas físicas inadequadas durante as operações de colheita e manejo da produção​

11/11/2025 | Assessoria de comunicação – Epagri

Reprodução – Epagri

​Entrar na embarcação, sentar-se de cócoras, flexionar a coluna para alcançar berçários ou lanternas com ostras no mar. Retirar a carga. Transportar caixas de madeira que pesam até 70 quilos. Ainda em pé, mais seis horas para lavar, limpar e classificar os moluscos por tamanho.  

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Todas essas atividades fazem parte de um dia comum nas fazendas de maricultura de Florianópolis. É uma rotina pesada que precisa de intervenções ergonômicas “urgentes”, recomenda estudo da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). O projeto recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) por meio do Programa de Apoio à Pesquisa Aplicada para Fixação de Jovens Doutores em Santa Catarina (edital Fapec/Cnpq nº 38/2022).

A pesquisa identificou que 85% dos trabalhadores do setor adotam posturas físicas inadequadas durante as operações de colheita e manejo das ostras e algas. Entre 2023 e 2025, foram avaliados 25 maricultores de cinco fazendas indicadas pela Epagri, em Florianópolis.

O trabalho resulta do estágio de pós-doutorado de Carmen Riascos, sob supervisão da professora Giselle Merino, realizado no Programa de Pós-Graduação em Design (PPGDesign), do Centro de Artes, Design e Moda (Ceart). A Epagri colaborou com o projeto desde a fase inicial, a fim de otimizar o serviço de assistência ao setor.

Dois produtos foram desenvolvidos para fortalecer a segurança dos maricultores catarinenses. O primeiro é um guia de uso interno da Epagri, com avaliações ergonômicas que orientarão as próximas visitas técnicas do órgão. O segundo, um kit distribuído nas fazendas contendo inventário de riscos, análise ergonômica do trabalho, planos de ação e gráficos informativos, desenvolvidos de acordo com o contexto de cada estação de trabalho. A equipe também fixou banners com recomendações ergonômicas para as equipes. 

Na mariculgura há muito esforço excessivo e repetição de movimento, fatores que podem evoluir para lesões nos músculos e ossos (Foto: acervo das pesquisadoras)

No Brasil, trabalhadores da pesca e aquicultura seguem as regras estabelecidas pela Norma Regulamentadora 31 (NR-31). A diretriz, no entanto, possui informações genéricas e está mais voltada para atividades agrícolas, explica Carmen. Além da NR-31, a metodologia adotou outras diretrizes nacionais mais amplas, como a NR-1 (segurança e saúde no trabalho) e a NR-17 (ergonomia). 

Por ser mais específico, o guia produzido pela Udesc e Epagri é um avanço inédito na promoção da saúde e segurança dos maricultores.  Alguns resultados já são perceptíveis. Fazendas que cumpriam menos de 15% das normativas no começo do estudo passaram a atender a mais da metade das regras ao final da pesquisa. 

“O simples fato de os trabalhadores reconhecerem qual é a atividade, o risco e a prevenção já são importantes para saberem que estão cumprindo”, avalia Carmen, que assina a coautoria do guia com a professora Giselle e a engenheira agrônoma Adriana Tomazi Alves, da Epagri. 

Setor movimenta economia catarinense

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Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, o cultivo de organismos aquáticos em água doce e salgada é uma das ocupações mais perigosas do mundo.  No caso da maricultura, os processos produtivos são quase sempre manuais. Exigem tanto habilidades físicas (coordenação, força, resistência a frio e calor) quanto cognitivas (atenção constante, pressão). Devido à baixa mecanização das tarefas, há muito esforço excessivo e repetição de movimento – fatores que podem evoluir para lesões nos músculos e ossos, alertam as pesquisadoras. 

O estudo identificou que maricultores de Florianópolis frequentemente se afastam do trabalho, sobretudo para descansar a coluna. Segundo Carmen, os cuidados físicos costumam ser pouco adotados porque a maioria, jovens com menos de 30 anos, não pretende permanecer por muito tempo no emprego. “Eles ficam um par de meses e você não os encontra na temporada seguinte”, explica, em referência à alta demanda sazonal do setor. 

Outro entrave às medidas de segurança é a natureza artesanal da atividade. Mesmo fazendas com atuação em pequena escala, operada por famílias, precisam passar por avaliações ergonômicas preliminares. “Como qualquer outra empresa”, lembra Carmen. O procedimento identifica potenciais riscos aos trabalhadores. 

Além de mitigar as possibilidades de acidente, a adoção das diretrizes de segurança fortalece a base das cadeias produtivas. Santa Catarina é referência nacional no setor de maricultura: concentra 95% da produção brasileira de moluscos, gera cerca de 1.500 empregos e é fonte de renda para 356 maricultores, segundo o Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri. 

Nos próximos meses, o órgão continuará acompanhando as fazendas para avaliar o cumprimento das normas estabelecidas pelo guia. 

Inserção das mulheres

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A divisão de trabalho da maricultura costuma resultar na atribuição de trabalhos braçais e pesados aos homens, enquanto mulheres são responsáveis pelos serviços de produção, empacotamento e entrega. Mas, no dia a dia, as funções se misturam. Conforme identificou a pesquisa da Udesc, trabalhadoras acumulam funções e desempenham tarefas de força excessiva. Com um adendo: em Florianópolis, elas são maioria nos cargos de gestão à frente dos empreendimentos. 

Ciente dos riscos físicos pelo excesso de força, a maricultora de uma das fazendas, em Santo Antônio de Lisboa, modificou os próprios equipamentos por versões feitas com materiais mais leves. Berçários de ostras que antes pesavam entre 40 e 70 kg foram substituídos por novos entre 2 e 5,5. Outro empreendimento mecanizou parte dos processos de trabalho ao implementar uma balsa com guincho hidráulico para retirar as lanternas do mar. 

São saídas que promovem a inclusão de mulheres nas etapas de cultivo, já que demandam menos esforço físico no trabalho. A automação de algumas das etapas também aumenta a produtividade das fazendas e reduz os níveis de risco para trabalhadores, avaliam Carmen e Giselle. Mas o investimento tecnológico ainda é incipiente. Para as pesquisadoras, é preciso ampliar as políticas públicas de fomento e capacitação técnica ao setor. 

Design e tecnologias assistivas

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Avaliar a segurança de maricultores requer a união de diferentes campos do conhecimento, como a Ergonomia e a Gestão do Design. A primeira estuda as interações do ser humano na vida diária e na ocupação laboral. Já a segunda atua na mediação entre o produtor e o consumidor. 

No PPGDesign, da Udesc, a área de concentração centrada nos fatores humanos desenvolve métodos e ferramentas para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Inclui aspectos como saúde, segurança, produtividade e experiência do usuário. 

Por ser uma área transversal, o Design atua em diversos segmentos produtivos. A professora Giselle, por exemplo, já coordenou pesquisas sobre agricultura familiar com a Epagri. 

Também produziu diagnósticos e recomendações para a inclusão de pessoas com deficiência do Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (TRT – 13ª Região), em projeto científico interestadual e interinstitucional entre a Udesc, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os resultados estão publicados no formato de umguiapara implementar a Rede de Inclusão, responsável por gerir ações de monitoramento no Tribunal. 

Atualmente, a professora desenvolve pesquisas e projetos de Tecnologias Assistivas para pacientes do Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina. Também integra a equipe interestadual de pesquisadores do TECLABORAL (Tecnologia Assistiva Para Autonomia Cotidiana/Laboral de Pessoas com Deficiência e Formação de Recursos Humanos), projeto com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e financiamento pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) para a estruturação de um sistema nacional de laboratórios de Tecnologia Assistiva. Carmen é parte da equipe, desta vez como pesquisadora de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC. 

Contate as pesquisadoras

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Carmen Riascos é doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Realizou estágio de pós-doutorado na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), entre 2023 e 2025. Atua nos seguintes temas: Ergonomia; Fatores Humanos; Riscos Ocupacionais; Avaliação de Desempenho da Segurança e Saúde no Trabalho; Avaliação com eye tracking. 

E-mail: carmen.e.riascos@gmail.com 

Giselle Merino é doutora e professora no Departamento de Design e no Programa de Pós-Graduação em Design, na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Lidera o grupo de pesquisa Design Centrado no Ser Humano (DCSH). É pesquisadora bolsista de produtividade CNPq – PQ na área de Design. Atua nos seguintes temas: Gestão de Design; Design & Saúde; Tecnologia Assistiva; Fatores Humanos; Design Universal e Inclusivo em produtos e serviços. 

E-mail: giselle.merino@udesc.br 

Este texto integra o projeto Udesc+Ciência, produzido pela Secretaria de Comunicação da Udesc com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). 

Informações para a imprensa:

Jornalista Dairan Paul  / Assessoria de Comunicação da Udesc

E-mail: comunicacao@udesc.br 

Telefone: (48) 3664-8006

Escrito por: Asbraer
A Asbraer é uma entidade sem fins lucrativos que articula assistência técnica, pesquisa agropecuária e regularização fundiária. Atua em todo o Brasil promovendo desenvolvimento rural sustentável, inovação no campo e inclusão produtiva.

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