Por Caio Rocha
Falar de empreendedorismo no Brasil não é apenas tratar da criação de negócios, abertura de empresas ou geração de lucro. É falar de transformação social. Empreender é, antes de tudo, uma mudança de atitude, uma forma de encarar desafios com visão, coragem e criatividade.
Essa mudança não surge por acaso. Ela pode — e deve — ser desenvolvida como metodologia. Ao estruturar um trabalho que combina orientação prática, capacitação e acompanhamento, é possível dar segurança para quem deseja iniciar um empreendimento. A jornada empreendedora, quando acompanhada de suporte técnico e rede de apoio, deixa de ser um salto no escuro e se torna um caminho possível e estruturado.
Segundo o Relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2021, os três maiores sonhos declarados pelos brasileiros são:
1. Viajar
2. Ter casa própria
3. Empreender
Ou seja, empreender é o terceiro maior sonho nacional. Um dado que, por si só, revela o potencial transformador dessa agenda.
Entretanto, o mesmo estudo aponta que, no Brasil, a principal motivação para empreender ainda é a necessidade — e não a vocação ou a oportunidade. Isso significa que grande parte das pessoas não se prepara para empreender, mas é levada a isso pela falta de alternativas de trabalho e renda.
Essa realidade exige uma nova abordagem nas políticas públicas: mais do que linhas de financiamento, precisamos de projetos estruturados que despertem a atitude empreendedora. Isso inclui:
• Capacitação prática, com conteúdos aplicáveis ao dia a dia;
• Metodologias testadas, que ofereçam um passo a passo para iniciar e sustentar o negócio;
• Monitoramento de 90 dias após a capacitação, garantindo suporte técnico e emocional no período mais crítico do pequeno empreendimento.
Empreender, portanto, não é apenas abrir um CNPJ. É investir em si mesmo, adquirir novas competências e se inserir de forma ativa na economia. É criar valor, gerar impacto e participar de um movimento que une desenvolvimento econômico e transformação social.
Se quisermos que mais brasileiros realizem esse sonho de forma sólida, é hora de pensar o empreendedorismo como política de desenvolvimento humano, onde atitude, conhecimento e acompanhamento caminhem juntos.
Caio Rocha, engenheiro agrônomo, mestre em Gestão Pública e doutor em Ciências da Educação, foi secretário nacional, secretário de Estado da Agricultura do Rio Grande do Sul e presidente da EMATER/RS. Atualmente, é consultor internacional do IICA.