Foto: Arquivo pessoal
Dom Eliseu é um município de 60 mil habitantes, no Leste do Pará, bem na divisa com o Maranhão. Ali, produtoras rurais migrantes do Sul do País mostram-se surpresas com a presença das mulheres em posições de liderança no agronegócio. O município sediou o Congresso Estadual e Internacional de Mulheres do Agro no Pará, nos dias 25 e 26 de julho. A chefe-adjunta de P&D, Lucíola Alves Magalhães, foi uma das palestrantes no evento e ficou tocada com o retorno positivo dos produtores depois da apresentação.
Ela falou sobre atribuição, uso e ocupação das terras no Brasil. Mostrou o resultado das análises dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) feitas pela Embrapa Territorial, indicando que os agricultores brasileiros declararam destinar à preservação da vegetação nativa o equivalente a 33,2% do território nacional. São números já apresentados em grandes fóruns nacionais e internacionais em São Paulo, Brasília e outros grandes centros. Mas tiveram efeito diferente no público do interior do Pará.
Lucíola relatou conversas em que as pessoas a agradeceram por apresentar um retrato da agricultura diferente de algumas visões negativas. Um momento marcante para ela foi o desabafo de uma produtora sobre seu filho, que reluta em seguir no agronegócio devido à imagem do setor: “Ela disse: ‘Meu filho tinha que ouvir essa palestra e decorar, porque ele fala que não quer seguir no agro, por conta das coisas que ele ouve’”, contou.
Além dos dados ambientais, Lucíola também mostrou números sobre a representatividade da agropecuária brasileira na produção global de alimentos, fibras e energia. O País é o maior produtor mundial de soja, café, açúcar e suco de laranja. É também o maior exportador de todos esses produtos, assim como de carnes bovina e de frango e de tabaco. Do campo também é obtida a biomassa que gera boa parte da energia renovável do Brasil, com o etanol, o biodiesel, a lenha, o carvão vegetal e o bagaço de cana em caldeiras.
Além do reconhecimento, a interação com os produtores trouxe alguns dos principais desafios enfrentados na região, como a regularização fundiária e falsos alertas de desmatamento. Lucíola explicou como esses alertas, por vezes gerados por colheitas em áreas já cultivadas (como eucalipto) ou por sistemas de plantio, causam transtornos e custos para os produtores, que precisam arcar com advogados e comprovar que não houve desmatamento. A gestora se propôs a mediar um diálogo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), para aprimorar o processo.
No segundo dia do evento, a equipe participou de um divertido Rally de Regularidade, uma competição que testava a capacidade de seguir um percurso em um tempo determinado. Durante o rally, que incluiu paradas técnicas em propriedades rurais, Lucíola observou de perto as práticas agrícolas e a paixão das agricultoras locais. Em uma das paradas, a produtora deu uma verdadeira aula sobre as técnicas de cultivo de soja, milho, sorgo e gergelim.
Vivian Chies (MTb 42.643/SP)
Embrapa Territorial